Como lidar com o medo de falhar

Quero partilhar consigo uma expressão em inglês que ouvi outro dia e que achei muito interessante para iniciar este tópico.

Fail fast succeed sooner

Já tinha lido ou ouvido esta expressão alguma vez? Eu confesso que não mas esta frase intrigou-me porque numa primeira impressão parecia ter algo de contraditório.

Traduzindo à letra significa “falhe depressa e tenha sucesso mais rápido”, pareceu-me estranho afinal de contas porque é que “falhar depressa” está relacionado com sucesso? Falhar deve ser à partida algo indesejável certo?

Analisando melhor acho que esta frase é muito poderosa porque reflete um princípio fundamental para todos os que pretendem atingir um objetivo, ser empreendedores ou superar um desafio. “Falhar depressa” não significa errar propositadamente mas sim ir de encontro ao erro e abraçar o erro como um passo necessário para ir mais além. Ou seja “falhar depressa” na minha interpretação significa sair da zona de conforto, arriscar, não adiar as dificuldades e aceitá-las como uma etapa normal no processo de crescimento.

Sempre que se coloca à prova, sai da sua zona de conforto e abraça a sua própria vulnerabilidade aceitando que não tem de ser um “super-homem” ou uma “super-mulher” que tem de saber tudo e acertar em tudo, mesmo correndo o risco de falhar está a dar um passo em frente na direção dos seus objetivos.

Deixe-me partilhar consigo o meu exemplo pessoal.

Trabalhei como Enfermeira durante 21 anos, e adorava o meu trabalho, mas cheguei a uma altura em que senti que tinha de mudar.
 
Se resisti à mudança?

Para ser franca, quando penso numa mudança, levo sempre a minha vontade muito a sério.
Mas foi uma mudança muito demorada, uma vez que envolvia muitas responsabilidades, família, fatores económicos, etc.

Se pensei muitas vezes que podia correr mal?

A minha forma de pensar, é sempre muito positiva, quando penso que algo pode correr diferente do que espero, na minha mente procuro logo uma forma de solucionar essa situação.

Por isso sempre que partilhava com a família que ia tomar essa decisão e sentia a mudança de cada elemento, dava a minha visão de solução, uma vez que já tudo na minha cabeça tinha solução.
 
E acreditem que tive todas as pessoas a resistirem!

Essa sim foi para mim a tarefa mais difícil, convencer a minha família da mudança que pretendia fazer. Desde que na minha cabeça tudo estava bem definido, e no papel tudo bem estruturado, passou um longo período de um ano e meio. Sim um ano e meio que parecia ser o período mais longo que já vivi até hoje!

Eu sabia que os receios que me apontavam eram credíveis, mas eu também sabia que era mesmo isso que pretendia, e por muito tempo que levassem a convencer-se eu não estava disposta a desistir do meu foco!

Afinal é a minha vida, ia ser o meu sacrifico, de passar de uma posição confortável, uma vez que o funcionário público tem sempre o ordenado garantido, como me diziam, e a trabalhar a 5 minutos de casa, a desempenhar uma função de coordenação desejada por muitos dos profissionais que faziam parte da instituição em que trabalhava,….mas estava na altura de mudar.

Eu sabia que os meus valores são diferentes do sistema de saúde, queria fazer uma coisa diferente. Queria ter tempo para dedicar a cada pessoa sem ter que dar justificações, queria aprender mais, sem ter um “castigo” associado. Muitas pessoas quando me viam fazer mais um curso achavam que eu estava a preparar-me para retirar o cargo a alguém e lá vinha um “castigo”! Não era nada disso que eu queria, a minha vontade era de aprender mais.
 
Cheguei a um ponto em que soube que tinha de estar disposta a abraçar a minha vulnerabilidade, a aceitar o facto de que poderia passar por um grande período de incerteza e desconforto emocional, que poderia ser criticada, que duvidariam de mim e que até poderia não se concretizar tudo aquilo que tinha planeado na minha mente.

Há um ditado japonês que diz que se caímos 7 vezes, levantamos 8. É a dança da vida pois como em tudo na vida tudo o que é valioso e cresce tem de passar pelas “dores de crescimento” e só quando aceitamos esse desconforto é que geramos a força necessária para ir mais além.

E por fim, deixo-lhe a seguinte sugestão: não se arrependa daquilo que fez mas daquilo que deixou de fazer por medo de falhar.
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