O resultado demora a aparecer? Pare e faça-se estas três questões

Há uns anos atrás alguém me disse que eu era “obcecada por objetivos”. Eu não levei nada a mal, afinal de contas deve haver “obsessões” bem mais “estranhas”, mas aproveitei para fazer a correção, pois não se trata de uma questão de obsessão, mas de foco.

A gestão de objetivos tem sem dúvida um grande peso no meu foco diário, pela sua importância e impacto positivo na minha performance individual, e claro na gestão empresarial.

Objetivos, objetivos e mais objetivos. Às vezes parece um mantra não é verdade? Ainda assim acho que vale a pena procurar perceber porque é que a prática do estabelecimento de objetivos é tão importante e impactante, quer a nível individual, que nas equipas e organizações.

A escolha e estabelecimento de objetivos fazem parte do dia-a-dia profissional, sendo um processo fundamental na tomada de decisão, na motivação e na execução de um plano de ação, quer a nível individual, de equipa ou de organização. Ao longo das últimas décadas, diversos estudos no âmbito da gestão de objetivos demonstraram a sua importância e influência no desempenho e bons resultados.

A gestão de objetivos:


- Direciona o foco das pessoas, aumentando a sua eficiência individual na execução das tarefas

- Aumenta a persistência, levando as pessoas a aumentar o seu esforço para atingir o resultado pretendido

- Permite que as pessoas avaliem o seu desempenho em relação ao objetivo final e ajustem as suas ações sempre que necessário

Impulsiona a ação de uma forma orientada para um determinado resultado a atingir

- Permite fazer a avaliação de desempenho de uma forma mais eficaz

No âmbito da gestão de objetivos existem modelos que permitem o bom estabelecimento de objetivos, como por exemplo o modelo SMART, do qual já lhe falei num artigo anterior. Se ainda não definiu os seus objetivos sugiro-lhe a
utilização dessa ferramenta.

Ainda assim, e por mais poderosa que seja, uma ferramenta por si só não lhe garante eficácia na concretização dos objetivos. Numa ocasião recente estive a conversar sobre este tema com uma amiga gestora que, tendo definido objetivos para a sua performance individual, não estava a atingir o resultado pretendido.

Perante essa situação, procurei esclarecer com ela estes pontos:


- Os objetivos tinham sido definidos de acordo com o modelo SMART? (Específicos, mensuráveis, atingíveis, relevantes e temporais)

- Já tinha decorrido um período de tempo suficiente para fazer a análise da concretização dos objetivos?

Chegando a conclusão que os objetivos tinham sido bem estabelecidos e que por esta altura já deveria estar a atingir resultados, comecei a analisar a situação por um prisma diferente. Neste ponto, sugeri à minha amiga que colocasse a si própria 3 questões, de forma a “calibrar” o seu foco e analisar esse desafio de outra forma. Se a pessoa definiu objetivos individuais e os resultados não aparecem, é necessário adotar uma atitude proativa, parar e fazer um ponto de situação para, se necessário, mudar a estratégia.

Por isso se já definiu os seus objetivos, quer individuais , quer para a sua equipa ou empresa, se os resultados estão a demorar a aparecer, coloque-se a si mesmo estas
3 questões:

Eu ainda tenho interesse em atingir este objetivo?

Por outras palavras o objetivo ou objetivos que definiu ainda fazem sentido para si? Pode ser que na altura fizessem todo o sentido mas, com o tempo, outras prioridades entraram na sua vida e aquilo que tinha definido como prioritário perdeu a sua importância.

Acredito que por vezes é necessária alguma insistência para superar a inércia inicial, e não faz muito sentido andar a “saltar” de objetivo para objetivo, do género hoje quero uma coisa, amanhã quero outra, e assim sucessivamente. Por outro lado, se o objetivo que definiu é algo que sente não valer o seu empenho e esforço, não vale a pena estar a insistir numa “causa perdida”. Reformule e comece de novo.


Eu ainda  tenho empenho nos objetivos que defini?

Pouco adianta escrever um objetivo no papel se depois não há compromisso na execução do mesmo. Muitas vezes isto acontece por hábitos de procrastinação, que podem ter origem em diversos fatores, como por exemplo o medo de errar, o perfecionismo, a falta de um sistema eficaz de gestão de tempo. Ou seja, o objetivo está a “ocupar” a sua mente mas isso não se está a traduzir em ação concreta.

Pegue na sua agenda, crie um cronograma de trabalho e defina o dia, a hora e o local para trabalhar no objetivo que definiu. Se na sua mente o dia de começar a trabalhar no seu objetivo é “algum dia”, o tempo vai passar e os resultados não vão aparecer.
 

Ainda existe um propósito com este objetivo?

Por maior que seja o seu interesse e empenho com o tempo vão surgir dificuldades, obstáculos e desafios que vão colocar à prova a sua resiliência, persistência e força de vontade. Muitas vezes não é pela falta de talento, inteligência, empenho ou recursos que os objetivos ficam por alcançar, mas sim pela desmotivação, desânimo, impaciência ou baixa autoconfiança.

Por isso, o seu objetivo deve ser mais do que concretizar uma tarefa, mas sim algo que lhe dá foco, energia, vontade de melhorar todos os dias e superar-se a si mesmo. Isto pode parecer um pouco “lírico” mas verá que, a longo prazo, este sentido de propósito, o drive como se costuma dizer, fará toda a diferença.

Para terminar trago-lhe uma frase inspiradora, da autoria de um filósofo romano, para refletir sobre o tema abordado: “ Quando se navega sem destino, nenhum vento é favorável.”

Se é esse o caso, espero que estas dicas o ajudem a traçar o seu destino e a “ajustar” as velas.

Fique bem,

Fátima Sendim
 
 
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