Amanhã já pode ser tarde!

Tomar decisões é algo que faz parte das nossas vidas, mas será que todas têm o mesmo impacto e dificuldade?

No momento em que escrevo este artigo posso-lhe dizer que o meu processo de tomada de decisão já foi “ativado” algumas vezes, e o mesmo deve estar a acontecer consigo. Veja alguns exemplos:

- A tomada de decisão de acordar à hora que acordei

- A tomada de decisão na altura em que escolhi a roupa para sair

- A tomada de decisão entre ouvir rádio ou colocar uma música do meu agrado enquanto conduzia

- A tomada de decisão em iniciar hoje alguns projetos que coloquei na agenda de acordo com a gestão de prioridades

- A tomada de decisão em escrever este artigo agora ou escrever amanhã

A toda a hora o nosso processo de decisão é testado, mas seria fácil que o mesmo só acontecesse para situações tão rotineiras do dia-a-dia, como escolher se vai beber água ou vinho no restaurante, ou a roupa que vestir.

Ou talvez não seja assim tão fácil, ainda há dias uma coisa tão simples como escolher o filme que ia ver com o meu marido gerou algum debate, uma vez que a decisão dele não era igual à minha. :)

A verdade é que, tomar uma decisão é normalmente algo que exige de nós, e quando levamos esta situação para o mundo empresarial, onde as decisões envolvem custos, pessoas, prioridades e uma forte gestão emocional para ponderar os prós e contras, as coisas “complicam-se” um bocado.

Escrevo entre aspas porque acredito que a dificuldade da tomada de decisão não é um problema, é um desafio que faz parte da gestão estratégica e que permite clarificar pensamentos, definir prioridades e ponderar sobre a melhor ação a tomar. 

Uma posição de liderança requer tomar decisões, e muitas vezes as decisões acarretam risco que precisam ser ponderados e analisados para não comprometer o resultado final.

Ainda que seja importante ponderar as decisões cuidadosamente e medir os prós e contras, por vezes as pessoas passam muito tempo a tentar tomar decisões sobre os seus projetos, o que acaba por levar à procrastinação, atrasos significativos e a uma situação de estagnação que se traduz em custos evitáveis.

Para que isso não aconteça pode escolher adotar algumas estratégias de forma a otimizar o seu processo de decisão, e adqurir um mindset que lhe permita decidir cada vez mais com maior rapidez e eficácia.

Contudo antes de avançar, peço-lhe por favor  que pare de ler por uns breves momentos para responder às seguintes questões:

Que decisão profissional precisa de tomar hoje e que sente dificuldade em decidir?

De 1 a 10 qual é o seu grau de dificuldade na tomada dessa decisão?

Se é indeciso tem consciência de qual ou quais os motivos que o levam a ser indeciso?

Agora que fez a reflexão vou partilhar consigo algumas estratégias que pode utilizar a partir de hoje para otimizar o seu processo de tomada de decisão, tornando-o mais rápido e eficaz quando chega a hora de decidir:


Limite as suas opções

Quando se deparam com um projeto ou desafio de elevada complexidade de resolução, algumas pessoas podem ficar ansiosas por verem essa situação como um “bicho de 7 cabeças”. Isso leva a que haja procrastinação e que o processo de tomada de decisão fique em “stand by” para uma altura mais propícia que pode nunca aparecer.

Se neste momento está com dificuldade no seu processo de tomada de decisão devido à complexidade da tarefa, é recomendável que simplifique o processo e o divida em pequenas passos ou tarefas, trabalhando em cada um desses pontos individualmente e de acordo com um plano de ação.

Ou seja ao invés de “ir a todas” seja mais seletivo e conquiste um obstáculo de cada vez.


Lembre-se que tempo é dinheiro

Tomar uma decisão acarreta riscos e nalgumas situações até pode decidir “mal” e isso trazer prejuízo. Ainda assim tomar uma decisão é melhor do que não decidir coisa alguma. Ao tomar uma decisão mesmo que erre está a adquirir feedback construtivo que pode utilizar no futuro para decidir melhor, por outro lado se não decide pode estar a cair num ciclo de adiamento que se torna prejudicial a longo prazo.

Aquilo que não é medido não pode ser gerido por isso procure perceber até que ponto não tomar uma determinada decisão pode estar a gerar prejuízo para si.


Estabeleça um deadline

Estabelecer uma data limite para tomar uma determinada decisão, vai-lhe permitir manter o foco nessa situação e, ao mesmo tempo, evitar distrações que são uma causa primária de procrastinação.

Escreva na sua agenda a data e hora na qual vai tomar a sua decisão, e organize a sua rotina de trabalho para que, quando chegar a hora de decidir, esteja preparado e com toda a informação necessária para tomar a melhor decisão possível, alinhada pelos seus
objetivos.

Defina muito bem as suas prioridades

Na gestão das prioridades deve-se fazer a distinção das prioridades em termos de urgência – ou é urgente ou não é urgente – e importância – ou tem importância ou não.

Uma tarefa é urgente na medida em que necessita de ser feita no imediato (por exemplo atender o telefone) e importante na medida em que contribui para os seus objetivos (por exemplo fechar o contrato com um cliente).

O que é urgente nem sempre é importante, e vice-versa.

Olhe para a sua lista de tarefas e procure classifica-las de acordo com a urgência e importância.

Para isso pode utilizar a matriz de gestão de prioridades, e dessa forma tornar o seu processo de tomada de decisão muito mais assertivo e eficaz, pois separa o “trigo do joio” e foca-se naquilo que é realmente essencial.

A matriz de prioridades tem 4 dimensões com diferentes significados:


- Se a situação é urgente e importante - Deve ser feito por si imediatamente;

- Se a situação não é urgente mas é importante – Deve ser feito por si mais tarde;

- Se a situação é urgente mas não é importante – Deve delegar;

- Se a sua situação não é urgente nem importante – Deve esquecer ou fazer quando todas as outras tiverem concluídas;

Confie mais no seu instinto

Algumas pessoas irão de uma forma inconsciente atrasar a tomada de decisão por estarem nervosas ou inseguras acerca do feedback que irão receber.

Para ultrapassar este desafio é importante que em primeiro lugar visualize na sua mente o resultado que deseja obter por tomar a decisão e, por outro lado, ganhe consciência que mesmo que as coisas não corram bem à primeira, ainda assim tem os recursos necessários para dar a volta à situação.

Não existem condições 100% perfeitas para se tomar uma decisão, é importante perceber que toda a decisão envolve algum risco, mas ainda assim pode escolher focar-se no resultado positivo.

Se a decisão for de elevada complexidade e dificuldade, procure pedir ajuda e a opinião de outras pessoas antes de decidir, quem sabe a perspetiva de uma outra pessoa lhe dá maior clareza sobre a ação a tomar?

Concluindo se atualmente se encontra numa situação de indecisão que precisa de resolver, espero que algumas destas dicas o auxiliem nesse processo. E ainda que o seu desafio atual seja exigente, ou a decisão difícil de tomar, faço votos que a escolha acrescente valor e gratificação à sua vida.

Se lhe pareço demasiado confiante, foi porque tomei a decisão de acreditar em si. :)

Fique bem

Fátima Sendim


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