Eureca, descobri como evitar erros

Um dia destes estava a pesquisar artigos na Internet e deparei-me com uma frase pintada num muro da cidade de São Paulo, no Brasil, que dizia: “Herrar é umano”. De engraçada e totalmente errada na ortográfica, a frase foi uma provocação para refletir sobre um tema comum nas empresas, que é o erro.

Certamente, o sonho de líderes, empreendedores e colaboradores é a existência de um botão para evitar erros. Contudo, ele ainda não foi inventado e creio que ainda teremos que esperar alguns bons anos até que a Inteligência Artificial (IA) e a Robótica sejam mais comuns nos ambientes de trabalho.

Mesmo assim, só teremos reduções dos erros em processos de produção, porém, as decisões, mesmo quando baseadas em dados e gráficos, serão tomadas por humanos.

 

Ser humano não é justificativa

O erro é inerente ao ser humano, isso é indiscutível. E também não se discute que “só erra quem faz”.
 
Mas, essas duas frases não devem ser usadas como justificativas, pois são apenas formas de explicar que a humanidade pode errar em determinadas situações ou circunstâncias.


Errar faz parte de todo o processo de aprendizagem e do crescimento das pessoas, seja na vida pessoal ou profissional.
 
E, como ensina o professor Mário Sérgio Cortella “Não haveria inovações na vida humana, não haveria invenções como as que temos se o erro não tivesse ali o seu lugar. Então, poderia deduzir que nós aprendemos com os erros? NÃO … Nós aprendemos com as correções dos erros, se nós aprendêssemos com os erros o melhor método pedagógico seria ir errando bastante.
 


Erro não é para ser punido

Saborear conquistas e ótimos resultados são situações que merecem ser comemoradas e divulgadas. No entanto, assumir os erros exige maturidade e, posso dizer, uma boa dose de coragem e autoconfiança.
 
Na minha trajetória já presenciei pessoas com funções de liderança que erraram e se foram esconder e transferir a culpas em colaboradores e acontecimentos. Mas, também conheci líderes que se colocaram à frente da equipa, procuraram a solução e resolveram o problema.
 
Estes líderes entendem que o colaborador que erra não deve ser punido, mas sim, deve ser corrigido e orientado. Quando a pessoa entende o que a levou ao erro e qual é a forma correta, a tendência é não haver repetição.
 
No entanto, o líder não deve admitir na sua equipa comportamentos como a negligência, onde o colaborador, mesmo orientado e treinado para sua função, realiza as suas tarefas com desleixo ou desatenção.
 
Este comportamento deve ser punido, pois, em geral, processos são divididos em etapas interdependentes e um erro compromete todo o resultado. Processos demasiadamente longos ou rotineiros, costumam ser verdadeiras armadilhas para a ocorrência de erros.
 
As pessoas acostumam-se a fazer de uma forma e não percebem que poderiam melhorar ou modificar o processo para obter novos resultados.



Mentes criativas também erram

Nos meus trabalhos de coaching que desenvolvo com os clientes, uso algumas ferramentas para que percebam quando estão a errar e criem mecanismos para a correção. Uma vez que o profissional passa a conhecer -se melhor, certamente, identificará os seus erros com mais serenidade, pois utilizará a inteligência emocional para os encarar.

Podemos também criar um checklist, identificando e anotando os erros mais comuns, aqueles que são repetitivos, resultantes do comodismo ou da falta de perceção própria ou da equipa.

Mas, não adianta anotar erros e não tomar atitudes para mitigar, identificar e reduzir o impacto destas falhas.

A ação é o passo mais importante – e o mais corajoso - para a eliminação dos erros. Numa equipa bem integrada, é possível criar um ambiente de deteção de erros e encarregar um elemento da equipa para gerir o processo de solução.

É a maneira de evitar que o erro “caia no esquecimento” ou entre para a rotina do processo, criando planos de ação estimuladores, envolventes e compartilhados com todos os intervenientes.

O erro é tão importante para a vida que o psiquiatra e escritor Flávio Gikovate (1943-2016) coloca-o entre as seis qualidades de uma mente criativa. São elas: ser objetivo; não ter medo de errar; contar com as inspirações; dedicar-se às “transpirações”; vivenciar o novo com coragem e não ser escravo de si mesmo.


Deixo aqui uma reflexão sobre a forma como enfrentar o erro: Ter coragem para tomar uma rota desconhecida, onde o erro pode ser um companheiro constante, mas essa rota também pode levar a um novo lugar ou um novo olhar sobre o caminhar.
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