Mantenha a perspetiva no que lhe acrescenta valor

No passado fim-de-semana estive a praticar um dos meus hobbies favoritos que, com o tempo, tenho transformado num auto desafio profissional: a fotografia.

Gosta de tirar fotografias, ou gosta mais de ser fotografado? Eu acho o mundo da fotografia fascinante, gosto dos seus conceitos e desafios, perceber a cada dia um pouco mais de cor, de luz, de ângulos e simetrias.  

Mas hoje em particular quero-lhe falar da
perspetiva.

Segundo a definição, a perspetiva tem a ver com os “métodos de representação dos objetos em seus tamanhos e posições "corretas", tal qual a visão humana supostamente os compreenderia, a partir de um observador.”

Peço-lhe que reflita durante alguns segundos neste conceito. Quando o convido no título deste artigo a manter a perspetiva, é no fundo a ter um foco e consciência diferente na forma como olha o mundo à sua volta.
A visão que tem do mundo.

No seu belo poema “Tudo é foi” António Gedeão escreve o seguinte:
 
Fecho os olhos por instantes.
Abro os olhos novamente.
Neste abrir e fechar de olhos
Já todo o mundo é diferente.
 
Já outro ar me rodeia;
outros lábios o respiram;
outros aléns se tingiram
de outro Sol que os incendeia.
 
Outras árvores se floriram;
outro vento as despenteia;
outras ondas invadiram
outros recantos de areia.(…)
 
No fundo, a perspetiva é uma descoberta constante que
pode usar a seu favor para gerir os desafios, as exigências, as situações mais exigentes do dia-a-dia, de uma forma mais eficaz e emocionalmente inteligente.

Na fotografia, como na vida profissional, procuro sempre
ver as coisas em perspetiva e colocar o foco naquilo que me acrescenta valor. A minha visão é sempre manter o foco na solução e não no “problema” e, nesse sentido, quando me surge um desafio ou algo suscetível de me gerar stress ou desgaste emocional, coloco-me a mim mesma a seguinte questão:

De 1 a 10 qual é a importância e impacto desta situação para a minha visão profissional, o meu bem-estar e objetivos?

- Nesta perspetiva, sempre que recebo uma crítica posso fazer o enquadramento e decidir se a mesma é um
feedback construtivo, no qual vou colocar o seu foco como, por exemplo, o feedback de um cliente que me permite otimizar e melhorar a qualidade do serviço que ofereço.

- Ou, por outro lado, no mundo de overload de informação em que vivemos, posso colocar tudo aquilo que ouço, leio e vejo em perspetiva e decidir qual a informação que vou querer reter para
acrescentar valor.

- Quando tenho um imprevisto no dia de trabalho e sinto algum desgaste emocional a “aproximar-se”, procuro colocar essa situação em perspetiva e chegar à conclusão que, no panorama global das coisas, não passa disso mesmo, uma situação para a qual tenho a capacidade de
encontrar a solução, se colocar o foco na mesma.

Não quero com isto dizer que a partir de hoje é ótimo se, por exemplo, tiver um furo na autoestrada, se apanhar uma gripe ou se tiver uma situação desgastante na sua vida profissional. As dificuldades sempre vão acontecer, o objetivo é procurar dar um passo atrás e ter uma
visão mais global das coisas, menos reativa e emocional mas mais proativa e racional.

Acredito que com esta atitude de manter a perspetiva é possível fazer uma gestão muito mais eficaz dos desafios do dia-a-dia e colocar as situações na respetiva “gaveta”, de acordo com o seu
grau de importância e valor acrescentado. Dessa forma irá evitar ou minimizar o stress e desgaste associados a situações que, à partida, podem parecer um grande “problema”.

Se mantiver a perspetiva e guardar o foco para aquilo que é realmente importante, saberá
escolher as suas “batalhas” com sabedoria e resultar daí uma pessoa muito mais objetiva, assertiva, resiliente, orientada para a solução e positiva.

Fique bem. 

Fátima Sendim


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