Vulnerabilidade na liderança

A coragem de ser imperfeito, ter medo e continuar líder
 
Na sua opinião, o título que escolhi para este novo texto é um paradoxo? Como é que um líder pode ser imperfeito ou levar a sua vulnerabilidade para a liderança?
 
Vamos percorrer juntos um raciocínio: Uma mulher viaja no metro, entre a paisagem que passa rápido pela janela, os seus pensamentos se misturam. Ela pensa na assinatura do divórcio, em como cuidar de sua miúda, na razão dos crescentes problemas financeiros e nos motivos da recusa da editora publicar os seus manuscritos.
 
Ela colocou a recusa da editora na porta do frigirífico (quase vazio) e procurou outras e outras editoras. Até que foi publicada pela editora londrina Bloomsbury e se tornou J. K. Rowling, autora das aventuras de Harry Potter que vendeu mais de 450 milhões de cópias, e que lhe valeu a abertura de portas para passar o livro a filme e ainda a séries de TV.
 
Deves estar a perguntar: como tanta vulnerabilidade a transformou em vencedora?



Se estiver com medo, continue mesmo assim
 
A autora afirmou: “Eu não iria desistir até encontrar um editor — mas tinha medo que isso acontecesse.” Entre outras características, J. K. Rowling teve coragem para enfrentar uma situação em que acreditava, mas, que não oferecia qualquer garantia de êxito.
 
Essa vulnerabilidade, muitas vezes combatida e evitada nas corporações e também por muitos profissionais, pode ser um fator positivo, pois, é um dos passos para o autoconhecimento.
O
autoconhecimento e a inteligência emocional são fatores essenciais para atuar e enfrentar diferentes esferas da vida humana, como os relacionamentos e a carreira profissional.



O autoconhecimento e a vulnerabilidade alavancam as carreiras
 
Muitas lideranças criam uma espécie de "armadura", de modo a procurar esconder pensamentos e emoções.
 
Essa imagem de ser indestrutível, pode ser danosa em diversos aspectos, entre eles, por demonstrar falta de empatia, que pode ser entendida como ato de se conectar com as emoções por detrás de uma experiência. E, para que essa conexão exista, o líder precisa entender pontos de vistas alheios, opiniões e dores, muitas vezes diferentes dos seus.
 
Outra atitude que está ligada ao autoconhecimento é a autocompaixão, ou seja, líderes gentis consigo mesmos tendem a ser gentis com os outros, pois entendem, que possuem limitações, assim como todas as outras pessoas da equipa.



Liderança como ato de coragem
 
No início falamos da autora de Harry Potter, mas podemos acrescentar tantas outras personalidades que, estando vulneráveis, levantaram-se e enfrentaram os seus medos, como Lady Gaga, demitida da gravadora no seu primeiro contrato por ser muito extravagante; ou Oprah Winfrey, também demitida de seu primeiro emprego na TV por "se apegar emocionalmente às histórias” (a empatia falava mais alto), ou então, Harrison Ford, que um diretor disse que jamais teria oportunidade de entrar em Hollywood.
 
Estes exemplos são claros ao mostrar a coragem dessas pessoas em enfrentar as situações, na procura de serem elas mesmas, em colocar a compaixão à mostra, sem medo de revelar o que são na essência, mesmo com todos os medos a rondar a carreira e a zona de conforto.
A Dra. Brené Brown, professora e pesquisadora na Universidade de Houston, na sua palestra no evento  
TEDx “O poder da vulnerabilidade” afirma que a etimologia da palavra coragem tem sua raiz na palavra latina "cor", que em latim significa coração. Por associação, podemos dizer que o coração precisa de estar em todas as ações e na vontade de liderar com excelência.


Para o líder de uma equipa, fazer uma apresentação para os acionistas ou futuros clientes, receber uma avaliação negativa ou precisar de conversar sobre assuntos delicados com os colaboradores, tudo isso, exige uma abertura emocional, o que representa vulnerabilidade.
No entanto, a vulnerabilidade e a coragem andam de mãos dadas, pois o resultado é sempre de êxito, alcance de metas e fortes conexões com as pessoas.
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